Você já ouviu falar na carreira do tipo “deixa a vida me levar”? Aquela que segue ao sabor da vontade das situações e não da maneira como você gostaria que fosse? E pior do que deixar a vida levar a sua carreira sem ter consciência disso, é quando o profissional acha que é a empresa a responsável pelo direcionamento da sua trajetória. Você nem imagina quantas pessoas já se sentaram na minha frente para perguntar se a empresa onde eu atuava como profissional de RH tinha plano de carreira, esperando que seu futuro já estivesse definido. Inúmeras, até perdi a conta.

Na minha opinião, esperar que a empresa defina seu plano de carreira é a mesma coisa do que ver uma placa na estrada escrito “restaurante a 5 minutos”, parar o carro e esperar que o restaurante (puft!) se materialize na sua frente. Obviamente, isso não vai acontecer. Você tem que dirigir até o local, correto?! Depende de uma ação sua…

Na empresa acontece a mesma coisa. Não adianta você sentar no seu posto de trabalho e ficar esperando que seu próximo passo chegue até você como mágica. Há quem diga que isso é um traço cultural do brasileiro, já que aqui as empresas, de maneira geral, assumem uma postura mais paternalista em relação ao colaborador e este espera que a empresa lhe dê todo o direcionamento para construir sua carreira e também pela tendência dos brasileiros de viver “o aqui e o agora”.

Entretanto, o mundo do trabalho está mudando. Várias empresas já entenderam que não são as responsáveis por controlar a carreira dos eus profissionais. O papel delas é deixar claro o que esperam dos colaboradores e disponibilizar as oportunidades e os meios para que eles possam se desenvolver, ou seja, vai definir as cadeiras (os cargos) onde seus colaboradores vão sentar, o que é necessário para poder sentar nelas (quais as competências exigidas) e oferecer condições para que as pessoas possam efetivar seu desenvolvimento individual. Mas se você não souber qual cadeira quer sentar, não tiver claro onde quer chegar com sua carreira, você não irá conseguir se preparar para estar pronto no momento que sua cadeira escolhida vagar.

Por isso, o outro lado dessa história está nas mãos dos profissionais que devem gerenciar suas escolhas de maneira consciente e estruturada para evitar cair nas várias armadilhas que existem por aí, como trabalhar em uma atividade que não gosta ou ficar marcando passo, pois não tem foco e direcionamento. Para evitar essas armadilhas, a solução é elaborar um planejamento estratégico de carreira, ou seja, estabelecer a programação do que você gostaria de realizar ao longo da vida profissional.

E você já parou para elaborar o seu Planejamento de Carreira?

De uma maneira muito resumida, um bom planejamento de carreira tem que considerar ações no longo prazo, o que você gostaria de alcançar no ápice da sua trajetória. E deve conter os degraus intermediários que você irá precisar subir para alcançar esse objetivo final e o que é necessário ser feito. Em um momento seguinte, com o plano de ação pronto, haverá a necessidade de estabelecer a integração entre seus interesses pessoais e os da empresa onde você atua. Pode acontecer que sua atual empresa não conseguirá satisfazer seus interesses e você terá que partir para outros desafios, buscar outras empresas ou até mesmo empreender.

Complicado?

Calma!! Fazer um planejamento de carreira não é um bicho de 7 cabeças! Trocadilhos a parte, não tem 7 cabeças, mas existem 7 etapas que vão lhe ajudar a estruturar esse plano. Vamos conhecê-los?

1 – Melhorar seu autoconhecimento

Investir tempo no seu autoconhecimento ajuda a afinar a sua percepção sobre seus interesses de maneira geral e, para elaborar um bom planejamento de carreira é crucial conhecer quais são seus talentos naturais, interesses, valores e princípios e aspectos da personalidade que podem contribuir ou atrapalhar nas suas escolhas profissionais.

Existem várias formas de aprimorar seu conhecimento sobre si que vão desde a fazer uma autoanálise aprofundada até preencher testes de percepção de perfil como MBTI, DISC, PI, Âncora de Carreira, entre outros, ou analisar suas realizações para listar suas habilidades naturais. Além disso, passar por processos mais estruturados de autoconhecimento, como terapia ou coaching, também são muito enriquecedores e eficientes.

E você? Você conhece bem seus interesses e talentos naturais?

Sabe como seus valores e princípios influenciam suas decisões profissionais?

Já parou para analisar qual é a sua âncora de carreira?

Acha que sua carreira está coerente com sua personalidade?

Reflita um pouco sobre essas perguntas acima e, certamente, você terá muitos insights que vão ajudar a completar essa primeira etapa do seu Planejamento de Carreira. Mas se não for suficiente, busque ajuda especializada, já que essa etapa é a fundação do seu plano e ter ela bem construída irá ajudar muito nas próximas fases.

2 – Aprofundar seu conhecimento sobre o(s) mercado(s) onde atua ou gostaria de atuar.

E quando eu falo em mercado, falo em olhar para dentro e fora da empresa ou do segmento no qual você está atuando. É o momento de observar quais são as opções, tendências, limitações e alternativas de desenvolvimento você tem.

Você não deve se restringir a olhar para o organograma ou plano de cargos e salários da sua atual empresa, pois, como é dito pelo Professor Joel Dutra da FIA-USP, isso é como olhar sua carreira pelo retrovisor. A estrutura atual da empresa reflete o passado ou, no máximo, o seu presente e lhe dá uma visão muito restrita de oportunidades. Além disso, segundo uma pesquisa de 2016 da ManPower Group, 65% das ocupações que existirão no futuro ainda não foram criadas. Incrível, não?!

Enfim, planejar a carreira pressupõe olhar para o futuro. Quem garante que aquela posição do organograma que você colocou no seu plano ainda existirá, não é mesmo?

Dessa forma, abra seu leque de oportunidades, deixando a cabeça livre para as mais remotas possibilidades, sem travas, sem pré-julgamentos. Por isso, eu acredito que a etapa 1, que fala sobre aprimorar seu autoconhecimento, é tão importante. Saber o que gosta e não gosta e o que quer e não quer fazer vai ajudar a alimentar a sua lista de opções.

Além disso, avalie também quais são as tendências para as áreas e segmentos que lhe interessam. Quais são as novidades que seu mercado está trazendo e como irão influenciar nele. Essa mesma análise pode (e deve) ser feita para a sua atual empresa. Isso é olhar para o futuro…

3 – Estabelecer seus objetivos de carreira.

Estabeleça seus objetivos de carreira fazendo a união entre os conhecimentos que você levantou sobre seu perfil e sobre o mercado e ponderar quais das opções levantadas são as mais relevantes respondendo às seguintes perguntas:

Como posso estar mais feliz profissionalmente daqui 2 anos? E daqui 5 anos? 10, 20 anos…?

Mas cuidado para não fechar demais seu foco! Evite escrever no seu plano, por exemplo: quero chegar ao cargo X na empresa Y. Cargos e empresas mudam com o passar do tempo, por isso existe um risco de nem o cargo e nem a empresa almejada existirem no futuro. Por isso, é importante basear seu plano de carreira no seu referencial interno, no seu perfil e interesses, pois esse referencial tem menos variação e, quando muda, você está no controle dessa mudança.

Escreva seu planejamento de carreira em algum lugar. Use seu caderninho de anotações, seu celular ou computador, qualquer lugar, mas escreva! Pensar sobre ele já é um grande passo, mas escrever aumenta o comprometimento, evita o risco de esquecimentos e permite que você volte a ele para consultar e checar se está no rumo certo.

E você pode ampliar essa análise e definir também objetivos para outras áreas da vida, tais como: família, social, pessoal, financeira, etc. É muito gratificante olhar para trás e ver tudo o que foi conquistado.

4 – Definir as estratégias para alcançar seus objetivos de carreira.

Agora é o momento de definir as estratégias para alcançar os objetivos que você traçou para sua carreira. Já sabe o que você quer alcançar e agora precisa definir o COMO vai alcançar. Qual é a estratégia?

Naturalmente, existem muitos caminhos possíveis e vou citar abaixo alguns deles para servir de exemplo, mas você deve analisar a natureza dos seus objetivos para definir aquela que melhor se adequa a sua necessidade.

Ampliar sua atuação na sua área e empresa atual: 

Essa é a opção mais natural de acontecer, pois é o crescimento que vem da exposição a situações cada vez mais complexas, agregando novas responsabilidades ou atribuições.

Mudar de área de atuação dentro da sua atual empresa:

É a opção mais óbvia para quem quer fazer uma transição de carreira. Você já está dentro do ambiente da empresa e suas características pessoais já são conhecidas. Além disso, muitas empresas têm programas de recrutamento interno estruturados que permite fazer essa transição com tranquilidade.

Mudar de empresa, mas mantendo-se na mesma área de atuação:

É uma opção para quando você percebe que não há mais espaço para crescimento na onde você está. A dica é buscar outra organização no mercado na qual você perceba que vai poder se desenvolver da maneira como planejou.

Mudar de empresa e de área de atuação ao mesmo tempo:

É a opção mais difícil de todas, pois o mercado dificilmente contrata alguém nessa condição, a não ser que exista uma carência muito grande de profissionais nessa determinada área, aceitando pessoas com nenhuma ou pouca experiência.

Iniciar uma carreira complementar:

Pode ser uma boa estratégia para uma mudança gradativa de área de atuação. Ou uma possibilidade de satisfazer a necessidade de um novo desafio ou de crescimento quando você ainda gosta da sua atividade principal e da atual empresa, mas se sente estagnado. As opções mais comuns de carreiras complementares são: empreender, atuar como docente ou realizar atividades filantrópicas ou religiosas.

Empreender:

Para quando você entender que trabalhar para os outros não faz mais sentido ou não é mais uma carreira complementar.

Quantas possibilidades, não é mesmo? E qual seria a melhor para você?

5 – Desenhar um plano de ação para colocar suas estratégias para rodar.

Você já definiu a estratégia macro para alcançar o que traçou como objetivo de carreira, correto? Então, o próximo passo é detalhar O QUE precisa ser feito para essa estratégia acontecer, ou seja, qual é a materialização dos passos que precisam ser dados para construir seu projeto profissional, elaborando um Plano de Ação.

O que deve conter nesse plano de ação?

• Metas de curto, médio e longo prazos
• Indicadores de sucesso
• Fatores críticos que podem ajudar ou atrapalhar a conclusão do plano
• Avaliação sobre recursos necessários para a sua efetivação:
  • Tempo
  • Financeiro
  • Formações acadêmicas ou complementares
  • Rede de contato.

E ao escrever suas metas, sugiro que você tenha a atenção para que elas sigam a metodologia SMART, ou seja, que sejam eSpecífica, Mensuráveis, Alcançáveis, Relevantes e definidas dentro de um período de Tempo.

E não custa lembrar mais uma vez… escreva de fato as metas que você traçar. Escrever aumenta o comprometimento com a meta e as possibilidades de sucesso aumentam drasticamente. Mas não adianta escrever e nunca mais olhar para elas. Por isso, deixe-as em um lugar que você possa olhar frequentemente. Isso fará com que essas metas não desapareçam da memória com o tempo e sua conclusão esteja mais próxima.

6 – Executar seu plano de ação.

Como já ouvi por esse mundão a fora, é o momento de colocar rodinhas no seu planejamento. Você já estabeleceu as metas, correto? Já listou tudo o que você precisa fazer, certo? Estipulou os prazos também? Então, agora é começar a fazer o que foi definido. Fácil, né?!

É… Nem sempre é fácil, mas sem dúvida é necessário começar. Os primeiros passos são sempre mais difíceis, mas com o tempo vai melhorando… Siga o que você definiu no seu plano de ação, item a item, e tenho certeza que as coisas vão começar a ficar mais fáceis e os resultados vão começar a aparecer.

7 – Acompanhar o resultado das ações feitas.

Não se esqueça… carreira é um plano de longo prazo, pois o planejamento de carreira prevê alguns anos até a chegada da aposentadoria. (Aliás, aposentadoria é outro assunto que merece atenção e planejamento, mas isso é assunto para outro artigo…). E acompanhar se os resultados das suas ações estão gerando os resultados esperados é um processo contínuo e deve ser assim para que você possa corrigir o rumo sempre que necessário e o mais rápido possível.

Avalie periodicamente a consistência das suas ações em relação aos seus objetivos e preste atenção nas “bandeiras vermelhas” que aparecerem no rumo da sua carreira. Às vezes, o mar revolto tira o barco da direção correta, mas, quando vem a calmaria, é a oportunidade de consultar sua bússola e colocar a embarcação de volta na rota.

Eu tenho visto muitos profissionais nos processos de Coaching que eu venho conduzindo paralisados, sem saber que caminho tomar, por não conseguirem elaborar esse planejamento sozinhos. Alguns chegam com muitas opções, muitos interesses diversos, muitas coisas que gostariam de realizar profissionalmente e paralisam, pois têm muito o que considerar. Outros chegam sem sequer saber o que realmente gostam de fazer, quais são suas paixões e interesses, sem opções e ficam parados por não conseguir saber para onde ir. Em ambos os casos, paralisam por falta de foco.

Ao longo das sessões de Coaching onde são trabalhados esses 7 passos, é extremamente gratificante ver a evolução da construção desse planejamento, o alívio no rosto dos Coachees por conseguirem enxergar qual caminho tomar e a satisfação e motivação para colocar o plano para rodar. Conseguem sair da total falta de foco e inércia para um caminhar com direcionamento e constância.

E é isso… Ao seguir esses 7 passos você vai, sem dúvida, ter muito sucesso profissional, bem como viver de verdade a sua missão de vida.

Então, vá! Tome as rédeas da sua carreira!

Mas se sentir que precisa de ajuda, procure um profissional qualificado para construir junto com você esse planejamento.

Saiba mais. Entre em contato.

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