Âncoras de Carreira – Parte 2 – Claudia Domingos Coach

No artigo anterior, começamos a conversar sobre o conceito Âncoras de Carreira que é, só para relembrar…

Uma combinação de talentos naturais, motivos e valores que representam nosso próprio “eu” e do qual não abrimos mão, mesmo diante de escolhas profissionais difíceis.

Além da sua definição, vimos como esse conceito surgiu, como elas se formam e quais são os 8 tipos de Âncoras de Carreira que Edgar Schein identificou em seus trabalhos.

Mas será que a Âncora de Carreira pode mudar ao longo da vida?

Até o momento, não há evidência conclusivas se as âncoras mudam ou não, mas os indícios pendem para o lado da estabilidade, já que estudos demonstraram que as âncoras prevaleceram em mais de 95% dos casos pesquisados. Esse resultado é de certa forma esperado, pois, à medida que as pessoas aumentam a clareza sobre seu autoconceito, conforme adquirem a consciência do que querem, valorizam e no que são boas, tendem a querer agarrar-se a ele.

Circunstâncias pontuais (como necessidades financeiras, doença, desemprego, entre outras) podem impedir uma pessoa de exercer atividades coerentes com sua âncora principal. Entretanto, a autoimagem poderá não mudar se o impedimento for visto como meramente externo e temporário. Então, certamente, quando o impedimento acabar, a pessoa voltará a seguir sua carreira dentro das suas preferências.

Da mesma forma, pela maneira como as carreiras são estruturadas, nem sempre o emprego e a âncora de carreira combinam. Porém, há pessoas capazes de produzir bons resultados em situações onde desempenham atividades contraditórias às suas âncoras, mas não são felizes e não sentem que seu verdadeiro “eu” esteja envolvido no seu trabalho. Podem adaptar-se às circunstâncias e esforçam-se ao máximo para isso, mas suas âncoras não mudaram. Na primeira oportunidade, procurarão uma combinação melhor.

Por isso, vemos casos de pessoas que fazem mudanças drásticas em suas carreiras após anos de experiência. Elas estão, na verdade, tentando atualizar suas âncoras originais, porque apenas não tiveram a oportunidade de fazer o que sempre quiseram logo de início.

Mas a âncora mudará se a pessoa obtiver experiências e feedbacks sistemáticos que sua percepção inicial sobre si estava errada, se perceber que seus talentos, habilidades e competência são insuficientes para ter sucesso naquela carreira, como no caso de um artista cujo trabalho não agrada nem mesmo a ele próprio.

Quanto melhor for o seu autoconhecimento e a sua percepção da sua identidade profissional, melhores e mais racionais serão suas decisões de carreira.

Por isso, preencher testes como o de Âncoras de Carreira, que eu disponibilizo abaixo, é um bom início para apurar o seu autoconhecimento. Aproveite e faça o seu gratuitamente. Veja as instruções abaixo…

Mas além do teste, passar por um momento de autoanálise também é uma excelente estratégia. Abaixo está uma lista de perguntas que podem colaborar para melhorar a sua percepção sobre si. Pare alguns minutos para refletir sobre essas perguntas. Tenho certeza que suas reflexões serão muito valiosas para a construção do seu planejamento de carreira.

Perguntas que colaboram para desenvolver o autoconceito:

Quais são meus talentos, habilidades e áreas de competência?
Quais são as minhas forças e fraquezas?
Quais são os meus principais motivos, necessidades e metas na vida?
O que eu quero ou não quero, seja porque eu nunca quis ou porque atingi um ponto de percepção e não o quero mais?
Quais são meus valores, os principais critérios, pelos quais julgo o que estou fazendo?
Estou em uma organização ou profissão congruente com meus valores?
Quão bem eu me sinto sobre o que estou fazendo?
Quão orgulhoso ou envergonhado eu me sinto a respeito do meu trabalho e minha carreira?

Durante os processos de Coaching que eu conduzo com meus clientes, esses são assuntos que trabalhamos a fundo, utilizando outras ferramentas, perguntas e atividades. Essa fase inicial do processo de aprimoramento do autoconhecimento é crucial, é a base para a elaboração dos passos seguintes de definição do foco, planejamento das ações a serem tomadas e sua execução, bem como a observação dos resultados e necessidades de ajustes nas ações.

Lembra do que o gato listrado falou para a Alice (a do País das Maravilhas)? Ele disse: “Se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve!”. E eu acrescento mais um ingrediente nessa reflexão: para descobrir para onde você vai, principalmente quando se fala em carreira, você precisa antes saber quem você é.